Esse é o relato do meu parto, do dia em que EU pus minha filha no mundo. Muita coisa ainda tá faltando, mas sinceramente, os hormônios do parto nos deixam meio grogues, que tem coisa que ainda não consegui lembrar, então quando for lembrando, vou acrescentando. Espero que ainda este ano fique pronto! rsrs
Vou começar bem pelo iníco.
Desde então tive praticamente certeza que seria uma menina, e às 12 semanas, na tal ultra com translucência nucal, o ultrassonografista diz que "havia grande possibilidade de ser menina", palpite esse confirmado às 16 semanas, pelo Dr. Flexa.
Sonhava com um parto normal. Pra mim, cesárea só se for necessário de verdade. E acreditava que era só esperar o momento acontecer, que chegaria ao hospital e me deixariam parir na boa.
Sonhava com um parto normal. Pra mim, cesárea só se for necessário de verdade. E acreditava que era só esperar o momento acontecer, que chegaria ao hospital e me deixariam parir na boa.
E assim seguimos na nossa gravidez. Sim, digo nossa porque Ricardo realmente a viveu comigo, até jejum fazia junto quando eu tinha algum exame pra fazer. A gravidez foi tranquila, apesar de tanto enjôo e falta de ar. Troquei de GO com 20 semans, porque a anterior não aceitaria o parto normal, riu da minha cara e disse que duvidava muito que eu, às 3:30 da manhã, morrendo de dor, não imploraria por uma cesárea. Então não contei conversa e fui atrás de quem topasse assistir meu PN. Não queria que minha bebê fosse arrancado da minha barriga como se fosse um apêndice infeccionado! Não! Minha filha teria que ser preparada pra nascer, e eu para deixá-la sair de mim. Precisávamos desse momento, dessa despedida, dessa entrega e batalha de ambas! Foi pela internet que descobri a Dra Neila Dahás e o grupo Ishtar, que me ajudou muito pôr pra fora todos os meus medos e angústias. Encontrei o site da Parto do Princípio, onde li e reli muitos relatos dos mais variados tipos de parto, e pelos quais chorei de emoção.
Participei ativamente da lista de discussão da Parto Nosso, lia muitos artigos sobre tudo que fosse relacionado a parto, criei um blog (este aqui) pra compartilhar com outras mulheres tudo o que eu aprendia. Eu realmente me preparei pra parir, e estava certa que conseguiria!!
Participei ativamente da lista de discussão da Parto Nosso, lia muitos artigos sobre tudo que fosse relacionado a parto, criei um blog (este aqui) pra compartilhar com outras mulheres tudo o que eu aprendia. Eu realmente me preparei pra parir, e estava certa que conseguiria!!
Quarta-Feira, 22/07: 39 semanas. Consulta com a GO. Tava tudo ok, até ela pedir pra fazer um toque. Detectou 1 dedinho de dilatação. Como diz a Thayssa (doula e coordenadora do grupo Ishtar): dilatação sem trabalho de parto é bônus! Aí o toque começou a ficar dolorido e reclamei. Disse "já acredito na senhora que tem 1cm, pode deixar! Tá doendo já!". Aí ela tirou o dedo e disse que tava tentando fazer o descolamento de membranas (opa?), segundo ela, "pra ver se adiantava um pouco as coisas", mas a dilatação era muito pouca e ela não conseguiu alcançar. Ela pediu que eu fizesse uma ultra na segunda feira e levasse pra ela no mesmo dia. Não entendi essa atitude de tentar uma manobra sem me consultar e me irritei. Cheguei em casa e tinha um pouco de sangue na minha calcinha. Chorei de raiva! Se buscava o PN era porque queria respeitar o tempo de minha filha e não tinha pressa alguma de parir logo.
Me deu enorme vontade de buscar um PD, mas confesso que não me empenhei para tal. Como tudo aconteceu rápido demais em nossa união, Ricardo e eu não poderíamos assumir essa dívida àquela altura. Também já estava em cima da hora pra buscar acompanhamento com parteiros. Ainda fiquei ensaiando um desassistido, tipo, quando entrasse em TP ficaria na minha enrolando pra ir pro hospital, e deixaria acontecer em casa mesmo. Eu fiquei muito balançada a fazer isso.
Desconfiei demais dessa ultra no final de uma gestação que tinha sido tão saudável, e não quis fazer. Também fiquei com medo de ela mais uma vez tentar fazer algo, então não fui. Enrolei o quanto pude, até que comecei a notar minha calcinha um pouco molhada, e resolvi ir na Sexta-feira, 9 dias depois, fazer a ultra, já com 40 semanas e 2 dias.
Sexta-feira, 01/07: 40 semanas e 2 dias de gestação. ultrassom pela manhã com o Dr Flexa, tudo perfeito, Anna Clara super saudável. Ele se surpreendeu por eu já estar com 40 semanas e 2 dias, perguntou se eu iria esperar pra "ter normal", ao que respondi que sim, e ele "mas olha, já tá no limite. Não dá pra esperar mais". Não? por que? tem prazo de validade pra ficar na barriga? Bah! À tarde consulta com a Dra Neila e tudo ótimo. Fez o toque, colo grosso, 1 dedinho de dilatação. E então a bomba: Dra Neila viajaria no domingo e só voltaria na quinta ou sexta-feira seguinte, oq me deixou bastante preocupada, pois se entrasse em TP enquanto ela estivesse longe não saberia quem assistiria meu parto, nem se me deixariam parir. Ela sugeriu a indução, mas não me deu nem tempo pra pensar. Se fôssemos induzir, seria internada já naquele momento. Decidimos induzir.
Caaaaara, quando li na guia de internação "dieta líquida", pedi pro enfermeiro aguardar um instantinho pra eu comer alguma coisa antes. rsrs.
Eu, Thayssa (doula) e maridão. |
Amanda (doula) |
9h da manhã: Dra Neila chega pra checar como iam as coisas. colo fino, 2cm. Ela disse que prescreveu o misoprostol mas que não tinha acreditado que daria certo, não foi sincera comigo, pra ela acabaria em cesárea, mas a força de vontade de mamãe era muito grande!! Tudo ok. Passamos o resto da manhã assim: dançando (botei pra tocar uns reggaes e reggaetones) e rebolando debaixo do chuveiro, passeios no corredor vendo várias mulheres vindo do centro cirúrgico após mais uma cesárea..

Meu marido me acalmava, revezava com a Amanda nas massagens, segurava firme minha mão e me abraçava. A Amanda disse que estávamos "tão fofos" que ela não resistia e se danava a tirar fotos. Chegou o almoço, uma sopinha batida no liquidificador "maravilhosa"..
depois o cansaço começou. Dormi (e eu que não acreditava ser possível dormir entre as contrações), mas quando vinham as contrações eu acordava com uma dor muito maior. Meu marido me abraçava e eu pedia pra ele "amor, por favor, não me deixa desistir!", ele dizia que eu não iria desistir, que eu estava sendo maravilhosa, forte, que tudo iria dar certo. Como é importante o apoio moral nessas horas! Com as sonecas, as contrações ficavam mais espaçadas, aí eu corria pra dançar debaixo do chuveiro de novo pra normalizar! hehe
Meu marido me acalmava, revezava com a Amanda nas massagens, segurava firme minha mão e me abraçava. A Amanda disse que estávamos "tão fofos" que ela não resistia e se danava a tirar fotos. Chegou o almoço, uma sopinha batida no liquidificador "maravilhosa"..
batendo um rango básico. |
Vomitei. Amanda disse que era ótimo, que é porque eu iria parir logo! Nunca me senti tão orgulhosa por ter vomitado! hehe
Eu com 10cm de dilatação, ainda "social" . |
Na primeira contração com ocitocina eu quase tive um treco! Égua!! muito mais forte, mais doloroso!! Eu comecei a enlouquecer.. "Tira!! Tira isso de mim!!". eu não vocalizava mais, eu era só gritos, berros e pavor!! Me fechei toda, pro mundo e pro parto, e a Dra puxando as minhas pernas, e mandando eu fazer força. Força sem sentir os tais puxos, caraca, como é horrível. Eu gritava "Bora, Anna Clara! Ajuda a mamãe!!" . Amanda tentou fazer massagem em mim, mas acho que acabei enxotando ela nessa hora. Não queria nem que encostassem em mim. A posição que doía menos era de quatro, mas aí começou a edemaciar o colo.. aff!! Precisava parir rápido senão seria cortada..Fiquei realmente enlouquecida. Aí uma voz falou pra mim "é a fase de transição". Acho que essa voz vinha dos relatos e das discussões do Ishtar e da Parto Nosso. A Neila tentava manter minhas pernas abertas, e eu me fechava, me contorcia, gritei por anestesia, não queria mais aquilo. Pedia pra tirar a ocitocina, mas fui completamente ignorada. E ainda levei escroteada, ela disse que eu estava estrapolando, exagerando. como assiiiiim?? eu que tava sentindo a dor, e não podia extravasar?? Perguntei se a anestesia atrapalharia, a Neila disse que não e mandou chamar o anestesista. Ricardo e Amanda dizendo que eu era forte, que eu já tinha aguentado até ali, só faltava mais um pouquinho.. E eu "Não! Eu não quero mais!! Anestesia, pelo amor de Deus!!" (eu já havia explicado algumas vezes ao Ricardo que essa hora chegaria, que eu iria desistir e pedir anestesia, que todas passam por isso e que quer dizer que o final está próximo, mas pedi que quando esse momento chegasse, era pra ele ignorar e me convencer do contrário, porque eu realmente NÃO queria anestesia). Cheguei a perguntar se já dava pra irmos pra cesárea, acreditam? Depois de tanto ter lutado pelo PN!! E nada do anestesista chegar! pra mim parecia que o tempo não passava (depois Amanda me falou que tinham sido só uns 10 minutos). contrações horrorosas e uma atrás da outra! Achava que tinham me enganado e que não viria anestesista nenhum.. Só depois fui saber que ele chegou quando a Anna nasceu, e nem precisei dele..
Ai, eu disse "tá rasgaaaaando". Neila: "Não tem nada rasgando..."
A Neila julgou necessário uma episio, e deu sem dó nem piedade 3 cortes, sem anestesia! pultz! gritei e disse "doeu!".. Não esperava que fosse assim..
Mais força, Neila dizendo "força", Ricardo fazendo côro. Ele disse "tô vendo ela! Tô vndo ela".. senti a Anna girar, (eu sorrindo) o ombro passar, ela girou de novo, e saiu todinha!! Que felicidade!! "Seja muito bem vinda, minha querida!" disse Neila.. E Ricardo "kédu, pai, kédu".. Às 18:08 do dia 2 de Julho, nasceu a menina que veio pra me mudar completamente! A Neila botou ela direto no meu colo, toda sujinha de sangue, vermelhinha, parecia tão miudinha!! Na verdade, a miudinha era "porrudona": 53cm, 3,685g. O cordão era curto demais (segundo Amanda, 1 palmo) então precisei me enclinar pra frente pra segurá-la! O tempo parou! Ela me olhava, sem chorar, não deu um piu! o Ricardo aqui no meu obro, olhando pra ela.. Nós três naquele momento, só nós três.. não existia mais nada!! Tão linda!! Naquele momento nascia Anna Clara, nossa princesa, mas nascia junto uma nova família, e uma nova mulher, uma nova Ana Paula, agora MÃE!

Mamou até chegarmos no quarto. =D. Eu também fiquei faminta! Comi a comidinha sem graça do hospital como se estivesse no melhor restaurante! hahaha
Cara, indescritível a sensação de sair de lá andando normal, com minha filha nos meus braços, como se tivesse ido lá só para buscá-la! rsrsrs
Chegamos em casa, com aquela coisa linda.. Ah, que vida maravilhosa!! Agora somos uma família!
O que achei de parir? Maravilhoso!!! tive um belíssimo TP, com todo o apoio e carinho do homem que amo, com toda a atenção que Amanda podia me dar, com total privacidade e liberdade pra fazer o que eu quisesse. Às vezes nem acredito que foram mais de 14 horas. Não pareceu. Curti tanto aquele dia, que pareceu que passou rápido. Se quero de novo? Lógico! Não troco por uma cesárea fria, não abro mão de protagonizar o meu parto, de ser eu a trazer minha cria ao mundo. Mas quero mais, quero melhor! Já planejamos que o próximo será um PD, viu?
Parir transforma, nos faz "outra". Hoje vejo e revejo meu vídeo, minhas fotos. Sempre choro, às vezes algumas intervenções me deixam triste, mas NADA tira o mérito de EU ter conseguido. Nada é capaz de estragar a felicidade daquele momento.
Parir transforma, nos faz "outra". Hoje vejo e revejo meu vídeo, minhas fotos. Sempre choro, às vezes algumas intervenções me deixam triste, mas NADA tira o mérito de EU ter conseguido. Nada é capaz de estragar a felicidade daquele momento.
Gente, eu não esperava por isso: não sabia que o amor que iria sentir por ela seria tão grande assim, chega a doer às vezes!!
Depois veio a saga da amamentação e da alergia alimentar, mas ficam para próximos posts.. ;D
Parir é momento de felicidade e gozo. Dói? Dói. Mas é a dor mais linda que existe nesse mundo.
Parir é dor de vida, e de morte também. Sim, porque naquele momento morre uma mulher e nasce uma mãe, morre uma gravidez e nasce um bebê. É dor de medo e de prazer, dor de luz, e quanta luz!!
Obrigada a todos que tornaram meu parto possível, com participação direta e indireta. Obrigada ao meu amor, Ricardo, por ter me apoiado completamente e incondicionalmente em cada decisão, por ter participado tanto daquele dia mágico, por me amar tanto e ter aceitado presenciar aquele momento lindo. Obrigada Amanda e Thayssa por terem me doulado. Obrigada Amanda por todo o carinho. Obrigada Neila por ter deixado Anna nascer tão lindamente, por tê-la recebido nos braços com felicidade. Obrigada meninas das listas que tanto torceram, me auxiliara na busca pelo meu parto, e às que fizeram corrente positiva quando a indução foi anunciada.
Parir é dor de vida, e de morte também. Sim, porque naquele momento morre uma mulher e nasce uma mãe, morre uma gravidez e nasce um bebê. É dor de medo e de prazer, dor de luz, e quanta luz!!
Obrigada a todos que tornaram meu parto possível, com participação direta e indireta. Obrigada ao meu amor, Ricardo, por ter me apoiado completamente e incondicionalmente em cada decisão, por ter participado tanto daquele dia mágico, por me amar tanto e ter aceitado presenciar aquele momento lindo. Obrigada Amanda e Thayssa por terem me doulado. Obrigada Amanda por todo o carinho. Obrigada Neila por ter deixado Anna nascer tão lindamente, por tê-la recebido nos braços com felicidade. Obrigada meninas das listas que tanto torceram, me auxiliara na busca pelo meu parto, e às que fizeram corrente positiva quando a indução foi anunciada.
Que relato lindo!! Com algumas intervenções típicas da Drª Neila, mas muito lindo. Como vc conseguiu progredir tão rápido com toda aquela pressão de 15minutos??? Surpreendente!!!!
ResponderExcluirMas lindo que ele, só a foto inicial? como foi feito este efeito? ela ficou magnifíca.
hehehe então, acho que foi o desejo de parir, mesmo!! apesar de ter sido indução sem sinais de TP, tudo evoluiu perfeitamente bem!
ResponderExcluirestás falando da foto no título do blog? se for, não é foto. é uma pintura em tela de uma artista chamada Amanda greavette. a página dela: http://amandagreavette.com/gal/?level=album&id=8
beijos
Ana Paula parabéns! Vc foi uma guerreira pq acredito que um parto induzido deve ser muito mais doloroso, não?
ResponderExcluirAna, ainda não sou mãe, mas como vc, pesquiso tudo sobre gestação e principalmente sobre o parto humanizado, pois esse é meu objetivo.
Confesso que durante a leitura do seu texto, me deu um certo medo dessa dor que vc relatou tão bem sentir.
Minha vontade é de ter meu bb na água, assim como a Gisele Bundchem. Vc pensou nessa opção? Existe esse procedimento em Belém? Será que não seria menos traumático, ou seja, mais tranquilo?
Aguardo resposta ansiosa! bjs!!
Rafaela, sinceramente, a única dor que hoje, ao lembrar, me causa desconforto, é a da ocitocina e da episiotomia...
ResponderExcluirpensei, claro, na possibilidade de parir na água, mas não permitiram no hospital em que dei à luz e meu marido não se sentiu seguro com o parto domiciliar... hahaha
e faltou também uma grana pra bancar o PD.